Uma arquitetura para a vida não é apenas um tema interessante ou uma proposta de disciplina contemporânea. Neste caso, também não se trata de um slogan politicamente correto. Aqui, neste ensaio conceitual, arquitetura para vida é um manifesto prospecto e um destino.
Arquitetura para a vida é mais do que erguer ambientes agradáveis, é projetar horizontes com possibilidades ilimitadas. É permitir que a existência flua em várias direções, que o cotidiano se torne poesia casual, que o ser humano encontre abrigo em uma perspectiva que respeite sua própria natureza inacabada.
A arquitetura, em sua pura função, precisa estabelecer princípios, equacionar espaço e tempo, organizar o caos e criar ordem para que a vida aconteça. Neste sentido, cada traço, cada matéria possuem um propósito, seja iluminar superfícies ou usar a sombra para realçar o charme. Em seu sentido pleno, uma arquitetura para a vida precisa fazer o vazio respirar e ter o bem-estar como meta.

Mas, se por um lado, a arquitetura é a arte de projetar ambientes, por outro lado, ela não é apenas isso. Também pode ser uma ferramenta para pensar e projetar vidas. Cada pessoa carrega dentro de si o potencial para modelar sua existência em um tempo e espaço próprios, a partir das memórias e experiências vividas. Assim, podemos criar estruturas invisíveis para sustentar nossas emoções e abrigar nossos sonhos.
O futuro, que agora parece tão próximo, exige novos contornos e outros desenhos. Embora não pareça, os desafios atuais ainda espelham um passado pouco distante. De certa forma, ainda estamos buscando proteção e segurança, ainda estamos dançando com a natureza para sobreviver com nossa incontestável fragilidade animal. E, essa luta pela sobrevivência continua sendo uma busca social.
Por tanto, uma arquitetura para a vida, nos moldes em que estamos, superou alguns pseudo dualismos, como a estética e a funcionalidade. Agora estamos diante da necessidade de uma consciência agregadora e maximizadora dos valores emergentes do nosso tempo. Precisamos de uma arquitetura que encare os problemas climáticos como possibilidade de superação criativa. Precisamos de espaços vivos, de ambientes que dialoguem com o ecossistema em sua totalidade, transformando o entrono em uma composição indispensável.

O que propomos com uma arquitetura para a vida é o dever de ser inteligente e sustentável. O dever de ser regenerativa, para poder reestruturar a conexão com a terra e responsável com os ciclos naturais. O dever de preservar os recursos e reduzir os abusos com a matéria viva. O dever de honrar os materiais para poder celebrar o que é essencial.

Reinventar a arquitetura é reinventar os mundos possíveis e imagináveis. E uma reinvenção nesse sentido pode nos permitir reinventar nossas vidas. Assine esse compromisso em seu coração, para poder projetar um futuro onde arquitetura e vida caminhem lado a lado, harmonizando forma e função, natureza e cultura, técnica e poesia.
Que cada espaço projetado seja um convite à vida. Que cada vida seja um projeto grandioso.