ARQUITETURA PARA A VIDA

ARQUITETURA PARA A VIDA

ARQUITETURA PARA A VIDA

Imagem do banco de dado da Freepik.

Uma arquitetura para a vida não é apenas um tema interessante ou uma proposta de disciplina contemporânea. Neste caso, também não se trata de um slogan politicamente correto. Aqui, neste ensaio conceitual, arquitetura para vida é um manifesto prospecto e um destino.

Arquitetura para a vida é mais do que erguer ambientes agradáveis, é projetar horizontes com possibilidades ilimitadas. É permitir que a existência flua em várias direções, que o cotidiano se torne poesia casual, que o ser humano encontre abrigo em uma perspectiva que respeite sua própria natureza inacabada.

A arquitetura, em sua pura função, precisa estabelecer princípios, equacionar espaço e tempo, organizar o caos e criar ordem para que a vida aconteça. Neste sentido, cada traço, cada matéria possuem um propósito, seja iluminar superfícies ou usar a sombra para realçar o charme. Em seu sentido pleno, uma arquitetura para a vida precisa fazer o vazio respirar e ter o bem-estar como meta.

Foto do projeto arquitetônico do Kabanas, em Feira de Santana, Bahia.

Mas, se por um lado, a arquitetura é a arte de projetar ambientes, por outro lado, ela não é apenas isso. Também pode ser uma ferramenta para pensar e projetar vidas. Cada pessoa carrega dentro de si o potencial para modelar sua existência em um tempo e espaço próprios, a partir das memórias e experiências vividas. Assim, podemos criar estruturas invisíveis para sustentar nossas emoções e abrigar nossos sonhos.

O futuro, que agora parece tão próximo, exige novos contornos e outros desenhos. Embora não pareça, os desafios atuais ainda espelham um passado pouco distante. De certa forma, ainda estamos buscando proteção e segurança, ainda estamos dançando com a natureza para sobreviver com nossa incontestável fragilidade animal. E, essa luta pela sobrevivência continua sendo uma busca social.

Por tanto, uma arquitetura para a vida, nos moldes em que estamos, superou alguns pseudo dualismos, como a estética e a funcionalidade. Agora estamos diante da necessidade de uma consciência agregadora e maximizadora dos valores emergentes do nosso tempo. Precisamos de uma arquitetura que encare os problemas climáticos como possibilidade de superação criativa. Precisamos de espaços vivos, de ambientes que dialoguem com o ecossistema em sua totalidade, transformando o entrono em uma composição indispensável.

Foto do projeto arquitetônico do restaurante Natto, em Feira de Santana, Bahia.

O que propomos com uma arquitetura para a vida é o dever de ser inteligente e sustentável. O dever de ser regenerativa, para poder reestruturar a conexão com a terra e responsável com os ciclos naturais. O dever de preservar os recursos e reduzir os abusos com a matéria viva. O dever de honrar os materiais para poder celebrar o que é essencial.

Reinventar a arquitetura é reinventar os mundos possíveis e imagináveis. E uma reinvenção nesse sentido pode nos permitir reinventar nossas vidas. Assine esse compromisso em seu coração, para poder projetar um futuro onde arquitetura e vida caminhem lado a lado, harmonizando forma e função, natureza e cultura, técnica e poesia.

Que cada espaço projetado seja um convite à vida. Que cada vida seja um projeto grandioso. 

BIOFILIA À RECONEXÃO ENTRE ARQUITETURA E NATUREZA

Foto do projeto arquitetônico do restaurante Natto, em Feira de Santana, Bahia.

A biofilia é um conceito que ganha cada vez mais espaço na arquitetura contemporânea. O termo, derivado do grego, significa “amor à vida” e reflete a necessidade inata do ser humano de se conectar com a natureza. No contexto arquitetônico, a biofilia se traduz na incorporação de elementos naturais em espaços construídos, promovendo bem-estar, qualidade de vida e sustentabilidade.

A relação entre ambiente e saúde já é amplamente estudada, e pesquisas indicam que espaços biofílicos reduzem o estresse, melhoram a produtividade e estimulam a criatividade. Luz natural, ventilação cruzada, vegetação integrada, uso de materiais orgânicos e formas inspiradas na natureza são algumas das estratégias aplicadas para aproximar os usuários do ambiente natural.

Um dos exemplos mais impressionantes da arquitetura biofílica é o Bosco Verticale (ou “Bosque Vertical”), localizado em Milão, Itália. Esse complexo residencial, projetado pelo arquiteto Stefano Boeri, se tornou um ícone global ao transformar arranha-céus em verdadeiras florestas urbanas. Com cerca de 800 árvores, 5.000 arbustos, 11.00 plantas menores, de uma simples camélia a uma magnólia passando pela oliveira, jasmim e acácia, entre outras. Esse arsenal verde proporciona uma diminuição de 2 a 3 graus centígrados durante o verão, gerando uma economia de energia.

Imagem do Google.

Assim, Bosco Verticale não apenas purifica o ar, mas também regula a temperatura interna dos edifícios, reduzindo a necessidade de climatização artificial. Ainda segundo matéria da BBC de novembro de 2014, o condomínio Bosco Verticale venceu o International Highrise Award, considerado o “prêmio Nobel” da arquitetura dedicada aos grandes empreendimentos. Veja a matéria completa em “Bosque suspenso’ de Milão pode indicar futuro arquitetônico das metrópoles”, escrita por Guilherme Aquino.

O impacto de construções como essa, transcende a estética. Essa abordagem sugere um novo paradigma para cidades cada vez mais densas, onde o verde precisa ser protagonista para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. No Brasil, onde enfrentamos desafios climáticos similares, a incorporação de soluções biofílicas pode ser um caminho para criar espaços urbanos mais saudáveis e resilientes.

Foto do projeto arquitetônico Brasfrut, em Feira de Santana, Bahia.

Arquitetos e amantes da arquitetura no Brasil têm muito a aprender e adaptar do conceito biofílico. A diversidade da flora brasileira e a tradição modernista que valoriza a relação entre interiores e exteriores oferecem um campo fértil para inovação. Incorporar jardins verticais, coberturas verdes, espaços permeáveis e materiais sustentáveis pode transformar não apenas edifícios, mas a própria experiência urbana.

A biofilia não é apenas uma tendência; é uma necessidade. Criar espaços que dialoguem com a natureza é projetar um futuro mais equilibrado. Arquitetos têm a oportunidade e a responsabilidade de liderar essa transformação, tornando cada edifício uma extensão do mundo natural.

Que a biofilia inspire novas formas de habitar, de construir e de viver.

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